A Câmara de Caxias busca antecipar a eleição da Mesa Diretora, trazendo à tona uma crise de credibilidade e revelando acordos pouco transparentes nos bastidores do legislativo

A proposta de antecipar a eleição sem justificativa clara, foi recebida com desconfiança e revolta por parte de alguns parlamentares.


A política caxiense vive dias de tensão e descrédito. Em uma movimentação que surpreendeu até os mais experientes observadores do Legislativo municipal, foi apresentado nesta quarta-feira (14), na Câmara de Vereadores de Caxias, um projeto para discussão da eleição da nova Mesa Diretora. O detalhe que causou espanto? O atual biênio mal completou cinco meses de gestão. A pressa levantou suspeitas e indignação não apenas entre os parlamentares, mas também na população, que questiona: por que tamanha urgência.

Segundo informações apuradas pelo Portal MA365, a antecipação seria uma manobra articulada pelo atual presidente da Casa, vereador Ricardo Rodrigues, com o objetivo de garantir a eleição de seu aliado político, o vereador Mário Assunção. A estratégia, conforme fontes ouvidas nos bastidores, teria sido definida antes mesmo das últimas eleições, em um acordo que ignora completamente a vontade do eleitor e o papel dos novos vereadores, ainda em fase de atuação e articulação.

A proposta de antecipar a eleição sem justificativa clara, foi recebida com desconfiança e revolta por parte de alguns parlamentares. Pessoas próximas ao articulador politico Ironaldo Alencar relataram que ele estaria profundamente incomodado com a movimentação de Mário Assunção, enxergando nela uma tentativa de atropelar o processo democrático e excluir vozes dissidentes da composição da Mesa Diretora.

Além disso, a atual presidência da Câmara sofre com um grave problema de falta de credibilidade. Vereadores que antes apoiaram Ricardo Rodrigues afirmam terem sido enganados. Denunciam que os compromissos firmados para a formação da atual Mesa Diretora não foram cumpridos. Esse clima de desconfiança só se agrava diante de denúncias de tratamento desigual entre os parlamentares: enquanto alguns vereadores aliados recebem apenas R$ 8 mil de ajuda de custo, outros, inclusive nomes da oposição, estariam sendo contemplados com valores superiores a R$ 50 mil. A discrepância não apenas fere o princípio da isonomia, mas também evidencia a prática de favorecimentos seletivos para a formação de base política.

Durante a sessão desta quarta-feira, outro episódio chamou atenção: os microfones dos vereadores Léo Barata e Vinícius foram cortados propositalmente na transmissão ao vivo. Coincidência ou não, os dois são apontados como potenciais candidatos à presidência da Câmara. A tentativa de silenciamento escancarou o clima autoritário e antidemocrático que paira sobre o parlamento municipal.

A antecipação da eleição da Mesa Diretora, quando a atual gestão ainda nem completou meio ano, é mais do que uma jogada política: é um sintoma de uma crise institucional marcada por acordos de bastidores, exclusão de vozes legítimas e manipulação do processo democrático.

Essa manobra articulada nos bastidores força tanto o ex-prefeito quanto o atual gestor municipal a apoiarem, mesmo contra a própria vontade, a candidatura de Mário Assunção à presidência da Câmara. Segundo fontes ligadas ao grupo político da situação, há uma pressão velada com ameaças de retaliação: caso não haja apoio à candidatura de Mário Assunção, o grupo governista corre o risco de ver suas pré-candidatas abandonadas politicamente, sem o respaldo necessário para as próximas eleições. Trata-se de uma chantagem institucional que coloca o interesse de um grupo acima da autonomia política e da democracia interna.

Enquanto parte da população segue à margem da política e dos recursos públicos, os jogos de poder na Câmara de Caxias se desenrolam sem transparência, sem diálogo e, sobretudo, sem respeito ao eleitor.

Fonte: Portal MA365